sexta-feira, 23 de julho de 2010

Bicentenário, Venezuela e rotina

#1: Incrível o nacionalismo dessa gente. Me surpreendi muito com o amor que eles tem a pátria, com o jeito com que todos se envolvem e se doam as comemorações.. e olha que eles nem tão na Copa do Mundo (eles torcem pro Brasil :P)!

Na terça-feira, dia 20, a Colômbia comemorou o bicentenário da Independência. Todo o país tava envolvido em grandes festas, principalmente nas maiores cidades, como Bogotá e Medellín. Aqui, por ser capital, teve até desfile militar; os grandes parques tiveram shows, brindes e todas essas coisas. E TODO MUNDO vestiu a camiseta, literalmente. Era bem comum ver pessoas pintadas de vermelho, azul e amarelo de cima a baixo, envoltas em bandeiras, com chapéu e o que mais se possa imaginar!


No Simón Bolivar, que é o maior e principal parque da cidade (é muito grande mesmo!), teve um grande concerto, com artistas tradicionais e grupos mais antigos, pra todas as idades. Todos os canais de TV transmitiram, então quem não foi até lá viu pela TV.

As vezes eu acho que a gente devia aprender um pouco com eles, sabe? Não que eu ache que nós não sejamos nacionalistas e essas coisas, mas acho que o somos na hora errada, em grande parte do tempo. Nacionalismo deveria ser igual torcida organizada de time de futebol: apoiar todo tempo, na boa ou na ruim, perdendo ou ganhando. No Brasil, quanto muito o país se mobiliza pra assistir a Copa do Mundo - e é pq todo mundo é liberado de aula e trabalho.

Nem que seja pra protestar. No dia anterior ao aniversário, estávamos andando por La Centenaria, que é o centro histórico aqui de Bogotá, e presenciamos uma manifestação contrária a independência, dos habitantes do Sul do país. Não sei pq, mas esses sim parecem típicos colombianos, meio índios, mestiços. São os moradores da região de Cali, perto da fronteira com o Equador, que alegam não receber nenhum subsídio do governo, apesar da riqueza da região.


#2: Isso aqui tá um caos. Estudante de Relações Internacionais, eu sempre me achei super compreensiva com os impactos que um rompimento ou conflito diplomático pudesse gerar, mesmo nas situações mais inusitadas. Pensei errado. É realmente INCRÍVEL como se esquece de tudo e se muda o foco das coisas. A cada 3 minutos tu ouve um Extra!Extra! na TV (tudo bem que eles são mega exagerados e na maioria das vezes é só desastre), com notícias direto daqui e dali.

Quando o Ilustríssimo Sr. Chavez fez o anúncio de que a Venezuela estava efetivamente rompendo qualquer tipo de relação com os colombianos, eu tava andando solita, bem bela pela rua (e perdida, claro; queria ir pra um supermercado, mas peguei a direção errada e quando fui pedir informação me disseram que eu tava 30 - TRINTA - quadras de onde eu queria ir), quando começo a ouvir freadas, carros estacionando e abrindo portas com o som ligado, pessoas andando na rua ouvindo - e xingando - rádios e celulares; todos ouvindo as notícias.

Tudo isso por causa das FARC né. O Chavez nega "estimular", mas parece que realmente grande parte - e as principais - das bases de guerrilha que ainda sobrevivem estão encabeçadas em solo venezuelano. Talvez seja por isso que os colombianos paguem tanto pau pro Uribe - quando ele assumiu, o # de guerrilheiros passava dos 40 mil; hoje, são cerca de 6. Agora, pra completar a história, o Lula ainda quer "intermediar" o conflito. Só o que me faltava, se meter mais a fundo nesse tipo de confusão que, se leva a alguma coisa, é a prejuízos - e dos fortes.

Aguardemos cenas dos próximos capítulos. Os diplomatas, embaixadores - e tudo o que mais tiver - colombianos tem até 2a feira, dia 26, pra fechar a embaixada da Colômbia em Caracas e deixar o país.

Uma pena as pessoas que moram perto da fronteira - próximo a Cucuta - que, pelo que dizem, já estão passando fome e sofrendo com o aumento e desestabilidade do câmbio.

(Tá, e disso eu não tirei foto).

#3: Os problemas começam a aparecer, logo, rotina.

Meu trabalho na AIESEC Rosario começou efetivamente essa semana, com reuniões, arquivos, documentos, reclamações e todas essas coisas. A verdade é que eu continuo bastante surpresa - e fascinada, eu diria - com a quantidade de diferenças que as AIESEC tem ao redor do mundo.

Vivendo essa realidade, eu tenho a impressão de valorizar ainda mais as coisas as quais eu tenho acesso no meu próprio CL e, mais que tudo, ver como existem coisas que podem ser aprimoradas e mais bem exploradas. Esquecer de VIVER a organização é um erro e, pelo que eu vejo, com isso eles estão muito bem, obrigada. Quem esquece, as vezes, somos nós.

Chegar numa reunião e falar algo que parece extremamente natural (como "manda um email pro time todo e convida") no nosso cotidiano e ser indagada com uma expressão de oi? e vice-versa é um dos maiores aprendizados que se pode ter. Sair de uma realidade onde se abrem 5 TNs (vagas em empresas) em 2 dias por efetividade e motivação da membresia, onde se tem quase 25 trainees pra outra onde nem os líderes sabem vender, por exemplo, é bem desafiador; propor o que? choro primeiro? faço um mapeamento de processos? tem processos?

É lindo, gente. Ter a sensação de que tu pode REALMENTE e VISIVELMENTE impactar na vida de muita gente e, pq não, na saúde de um escritório (que, consequentemente, vai impactar em outras vidas) é algo encantador. Te faz, no mínimo, repensar muita coisa; o modo de ver, de viver, de gerir, de liderar, de motivar, de pensar, de planejar. Te faz querer mais, buscar mais, lutar por mais.

Tem tanta semelhança, tanta diferença que eu poderia escrever mas parece que nem importa tanto assim, quando se pensa na filosofia e na ideologia utópica na qual se está envolvido.

"Te joga e vai", como diria o Vine. Buenas, me joguei; agora, vou pro fundo pra viver isso aqui, como se não tivesse mais nada pela frente, como se fosse essa a última chance. Vamos ver onde vai dar.

I am an AIESECer. And you?

5 comentários:

  1. Ai, que lindo! Tá vivendo a HISTÓRIA, poney!!!!!!! Vai poder contar isso pros teus netinhos poneysssss!!!! E qto à @... Show! Fico imensamente feliz em ver que tu tá aproveitando toda a diversidade que a nossa organização oferece! Miss uuuuuu! Bjooo

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  2. Hugo Chavez = tiranete de merda.
    Uma pena, a Venezuela parece ser um país tão legal...
    Sobre a AIESEC, é xu, por mais que a organização tenha estatutos e regimentos padrões não adianta, cultura e modo de viver/fazer as coisas ainda estão acima disso, cada país dá a AIESEC uma feição diferente, assim como uma etnia e isso é muito bom! Tenho aprendido com isso e procurado ser mais tolerantes com as diferenças de cultural organizacional que encontrei aqui e pelo jeito tu tá indo pelo mesmo caminho! =)
    Tou muito orgulhoso e feliz por estares bem e enjoying participation, tchamo!

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  3. Carol, fiquei emocionada com o teu post! Adorei!
    É isso aí, quando a gente sai um pouco da nossa realidade que a gente percebe que podemos impactar muita gente (e mesmo dentro do nosso mundinho). Continue aproveitando MUITO essas diferenças! Beijooo

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  4. Carol!
    excelente post no blog, sério, que post lindo!
    nao sei de qual assunto gosto mais: nacionalismos, relaçoes diplomaticas ou diferenças culturais/organizacionais na @.Nao vou escrever muito aqui pq afinal, o blog nao é meu, ficaria chato escrever tudo que penso sobre isso, mas tu sabe muito bem O QUANTOOOOOO amo essas discussoes.
    Em resumo: aproveita essa viagem pra conehcer pessoas, lugares, IMPACTAR, contribuir com tuas experiencias... e principalmente reflexoes (:
    bom, quando tu chegar conversamos mais sobre o assunto.
    “um homem não se banha duas vezes no mesmo rio”. QQQQQ LINDO ACHO

    beijobeijo

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  5. I am an AIESECer!

    Cada escolha uma renúncia, a cada 10 aiesecos um aieseco e assim caminha a humanidade... :D com passos de formiga e COM vontade! :P

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